20100331

OS FILMES PREFEIDOS DO NARCISO INC. ENQUANTO OS DIAS PASSAM COMO UMA FOICE FAMINTA


como eu pude esquecer de você Amelie? a expressão maior da idiotice inerente ao amor...
mas, sempre esqueço as coisas realmente importantes...
e choro ao final por que o amor vence todas as barreiras... porque tudo é amor...HAHAHAHAHAHAHA!!!!!
MAIS UMA CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA
NARCISO INC.

NARCISO INC. E OS ARGUMENTOS INCOMPREENSÍVEIS DA SORTE

Nasceu em uma família em que o amor e o carinho recíproco era o pilar das relações entre todos, mas era também uma família onde acordavam ao raiar do dia para a lida das plantações e deitavam quando o sol se apagava para ter fogo suficiente para clarear o outro dia de trabalho, como ensinou os filhos Seo Nicolau Segundo e como foi ensinado por seu pai Seo Federico Segundo e como seu pai foi ensinado por seu pai Seo Asdrúbal Segundo, assim como sempre acreditaram todos os Segundos, os Vilas, os Santamaria e os Garcia que por séculos ocuparam o povoado de Barca, sem que nunca houvesse um de seus filhos que tivesse cruzado o rio das Almas ou o morro da Pedreira.
Aldebaram Segundo era conhecido por não ser muito qualificado para a lida com a terra, ficava por horas observando os parentes e vizinhos trabalhando e anotando suas teorias sobre o trabalho rural e sequer movia um dedo para o coletivismo; diziam que era assim por ter bebido água do parto quando sua mãe, Dona Uma, espirrou no momento de expelir o feto; outros culpavam a modernidade em que o vilarejo estava sob ataque, mas era fato que Aldebaram Segundo tinha o conhecimento como seu grande amor e o que move tudo é o amor.
Quando Dona Uma Valéria Segundo morreu e dois meses depois Seo Nicolau Segundo foi encontrá-la pois a saudade era insuportável, Asdrubal Segundo decidiu abandonar a Barca e conhecer o mundo; optou pelo mar, que é o caminho tomado por todos os loucos e insanos.
O mundo que, para Asdrubal Segundo, não passava além da travessia do rio das Almas até o povoado dos Jeremias, e onde num raio de milhas era o único lugar em que governo instalou uma biblioteca pública e onde não cancelaram a assinatura da internet por falta de pagamento, era o mais puro retrato do impossível e do desconhecido desde que passou vivo pela placa do proibido a entrada de pessoas estranhas.
Asdrubal Segundo não sabia do que se tratava o paraíso, mas sentia que estava nele, em meio aos livros da Encyclopaedia britannica e revistas Seleções de Reader's Digest e foi assim que passou grande parte do que restava de sua vida.
O tempo que, mal sabia ele, era como o sol de seus pais, contava os dias para acabar com o povoado dos Jeremias em apenas uma cuspida de fogo.
Apesar de haver alguma distração no povoado, Asdrúbal Segundo não saia da biblioteca como também nunca saíra até então do povoado da Barca, pedia suas raras refeições pelo delivery do restaurante da Dona Margarida que estava imediatamente ao lado e de onde podia gritar seu pedido, enquanto terminava de ler o livro propaedia. sabia agora que o sol não se apagava, apenas ia dançar no baile do Seo Saturnino toda as noites.
Anibal Segundo estava entregue ao mundo do conhecimento dos outros e feliz por conhecer o conhecimento dos outros e tinha ereções ao ler os artigos do SciELO, mas ao encontrar o fac-simile do tratado de Kadesh e o anexo sobre os hititas seu corpo estremeceu, o ar faltou em seu cérebro e explodiu num orgasmo que gozou todo o teclado do computador.
nunca ninguém jamais havido tido um orgasmo tão prolongado por um artigo acadêmico e foi o suficiente para o teclado entrar em curto e começar a queimar o computador, depois a biblioteca com seus livros ressecados pelo tempo de desuso e como uma sequência de dominós todo o povoado dos Jeremias que dormiam o sono dos cansados
Os Segundos que avistaram o clarão da grande fogueira do outro lado do rio pensavam se o sol não estaria com insônia, mas aproveitaram o dia mais longo como uma dádiva do amor.

20100329

MARCISO INC. & O NAVIO FANTASMA DE BORRACHA QUE ATRAVESSOU A CONVERSA DE SEUS PAIS E POR ISSO FOI REPREENDIDO


olhou pelo vão da porta e viu, como sempre via, Emílio Estevez, Harry Dean Stanton, Tracey Walter, Sy Richardson, Olivia Barash e todas as sombras de Repo Man lhe olhando como que alertando do tempo que estava por vir.
- vocês são sombras de um tempo em que gostava mais das coisas que apontavam para o futuro e em que acreditava, e como eu gostava de acreditar... como eu vivia a história escrita por mim mesmo...
- você poderia agradecer sem medo e amar como sempre amou.
- é fácil quando se pode transformar no animal que bem querer.
sentou no terceiro degrau do primeiro lance de escadas dos doze que faltavam para seu quarto alugado e esticou as duas pernas pois achava que assim respirava melhor, sabia que não havia relação de suas pernas com o bem respirar, mas sabia que o bem respirar estava associado às coisas do bem viver.
ainda faltavam duas semanas para seu aniversário de meio século e lembrava das pessoas que não conseguiram fazer o próximo aniversário e daqueles que ao abotoarem suas camisas erravam as casas; e todos que conheceu estavam em alguma festa no paraíso ou no inferno e sabia que nunca estaria com aqueles que conheceu, assim como, nunca estaria com aqueles que conheceria.
- como eu gostaria de poder envelhecer e me transformar em qualquer paisagem ou coisas da paisagem... mesmo uma baratinha do mar, seria uma bênção... pensava em sua poltrona de couro artificial que se houvesse a possibilidade de voltar no tempo e poder mijar nas calças por seus músculos estarem preguiçosos e perder cabelos e ao olhar no espelho do banheiro ter a certeza que era falível e tudo que um dia fora seu corpo estaria nas alfaces crespas do quintal da Dona Iolanda, nas acnes do office-boy da papelaria, num balão verde que se soltou das mãos daquela menina ruiva ou na prótese dentária de um ladrão de supermercados.
- nada é eterno.
- você sempre soube que a escolha foi sua... disse Harry Dean Stanton lendo Paris,Texas
- existe uma vida inteira que não lembrarei.
Harry Dean Stanton, que um dia morreria, me olhava com seus olhos de compaixão mundana e sabia que seria uma andorinha.

20100326

DA SÉRIE: FILMES PARA SE ASSISTIR QUANDO OS MÉDICOS PROIBEM DE COLOCAR OS PÉS NO CHÃO


um filme de amor...

por que na vida tudo é amor...
bonito isso, luciano alves... me parece que você está se esforçando para ser um ser humano melhor...
aceite meus parabéns
um filme sobre natação de um curdo no canal da mancha...
bonito isso, luciano alves... se importando com os grandes temas onde estão inseridas as minorias e ainda com o bem estar físico...
estou até emocionado...

MAIS UMA CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA
NARCISO INC.

SUAS MULETAS TE LEVARÃO ONDE VOCE QUISER, NARCISO INC. desde que eu possa sempre beijar sua boca lasciva

- você parecia um monstro coelho preto com aquele sorriso desfalcado de motivo para alegria e aquela barriga cheia de buracos com a simetria dos furos de um cartão de jogo da loteria esportiva.
- nas entrelinhas você viu minha alma e isso é lindo, meu amor!
- não sei se aguentaria mais duas estadias no inferno por esse amor.
- exclame algo que você se sentirá melhor, meu amor!
- depois que você foi descoberta fazendo sexo com aqueles dois quilos de lentilhas para a ceia de revellion, as coisas ficaram mais distantes entre nós.
- era só sexo... nunca esqueça que é com você que eu faço amor... o verdadeiro amor que irradia a luz salvadora do mundo!
- mas eu acho que você é muito vagabunda!
- que lindo, meu amor! você exclamou!
- quando você foi na minha casa pela primeira vez joguei uma vassoura no chão e você ao invés de juntar, passou por cima.
- isso não foi nada educado... você deveria deixar que o destino se encarregasse disso, meu amor!
- você bem que poderia me chamar pelo meu nome!
- ah, meu amor! é que você é fundamentalmente minha expressão do amor!
- porque você não vai tomar no cú
- vai você que está acostumado, meu amor!
- você parecia o ventilador saturado de pó nos hélices com todas aqueles sentimentos represados e aquele sotaque catalão como uma cigana querendo encontrar em uma cicatriz o sentido da vida no planeta.
- você sabe que o que me move é o amor!
- isso é tão você.
- passaria pelo purgatório sete vezes sete o infinito por esse amor!
- só sei que o mundo dá voltas sobre si mesmo todos os dias e não quero dizer mais nada sobre isso
- corre forrest... corre
- o cú, dificilmente está inserido confortavelmente em uma frase, parece um filho adotado que perdeu o baço e um dos rins num acidente de moto.
- se tivessemos um filho ele seria um filósofo também!
- nós nunca falaríamos sobre a viagem para amsterdan como pessoas sensatas.
- nunca não existe, seu porco imundo!
- mas ele poderia um dia dizer: 'frants 'kafka

20100324

JUQUIBÓQUIS TOPE SIQUISTIM VOLUME BÉDE TRIPE

beck - Everybody's Gotta Learn Sometimes

lucinda williams - Lonely Girls

anita lane - the petrol wife

pato fu - cançao para voce viver mais

nick cave and the bad seeds- the curse of millhaven

yo la tengo - you can have it all

u2 - if you wear that velvet dress

seu Jorge - Suffragette City

scarlett johansson – summertime

the pretenders & Emmylou Harris – She

paralamas do sucesso - Cuide Bem do Seu Amor

nina simone - Sinnerman

steve earle & the pogues - Johnny Come Lately

miles davis - So What

lata mangeshkar - Yara Sili Sili

the doors – love her madly

NARCISO INC. # 3471

o cabo upham absorto em seus pensamentos vagos nem lembrava que estavam em guerra por os dois países nunca concordarem sobre o termo " carne de soja" e muito menos que a batalha se estendia havia 267 anos na colina violeta a norte das terras dos chipewyans. o cabo upham que fora promovido para operar a metralhadora 0.50 sentia-se incomodado com as responsabilidades da função e as metas exigidas por seus superiores imediatos; afinal, nesses 267 anos e 155 dias do conflito nunca houve baixa de nenhum dos lados, já que, a convenção da guerra moderna proibia que houvesse morte nas batalhas.
o cabo upham era um atirador exímio e quando muito desconcentrado acertava em uma das mãos do inimigo, mas a maioria de seus tiros acertava em uma das pernas, retirando para a enfermaria mais um combatente inimigo
nunca inutilizam os inimigos pois não havia soldados suficiente para continuar lutando e havia também dois interesses principais em ambos os lados no conflito; de um lado os vendedores de armas, que impulsionavam pesquisas de armas cada vez mais precisas, e de outro lado os profissionais de saúde que atendiam os feridos e ao seu turno controlavam a indústria farmacológica e de próteses temporárias e permanentes.
o cabo upham pensava em passar os seus dois anos de serviço na metralhadora 0.50 sem nenhum problema para logo ser promovido a sargento e correr menos riscos na profissão, pensava em uma estabilidade com turno de seis horas, licença prêmio de uma semana e sanduiches de brócolis gratinado com alacaparras e molho de miolo de alcachofra quando chegasse a general de campo
chegou no bunker para render o cabo dasilva e não conseguia parar de pensar se ficaria bem com estrelas ou divisas como sempre projetava seus desejos de grandeza.
travou a metralhadora e no primeiro tiro acertou o peito do soldado andersen que levou a mão ao bolso da farda para pegar seu maço de cigarros.
as autoridades tentaram abafar o caso mas o poder da convenção da guerra moderna era implacável e mandou que se acabasse a guerra naquele mesmo dia e que os países tinham 24 horas para abandonar o campo.
no julgamento, o soldado upham foi condenado a viver para sempre para nunca esquecer que era um assassino frio e calculista.
andava pelas ruas da cidade invisível e pensava que talvez um dia as pessoas esquecessem dos motivos porque o odiavam tanto.

VOCE ESCOLHEU LER O NARCISO INC. NESSE DIA TÃO REPLETO DE COISAS BELAS E CHEIROSAS ENQUANTO O FOGO QUEIMA A CABEÇA DO PALITO DE FÓSFORO


sentado ereto no banco da igreja fitava o altar onde o padre lia alguma passagem da bíblia que não conseguia ouvir, mas acreditava que o padre devia estar falando de coisas da bíblia, nem mesmo o apocalipse tiraria sua atenção do padre que gesticulava como um exorcista e era assim que se comportava todo domingo quando ia a missa com sua mãe.
nunca prestou atenção nas coisas que falava o padre, preferia pensar suas próprias coisas. não entendia por que tanto alarde quando se falava do diabo, escolheu acreditar que era muito superestimado pelos fiéis, afinal, se foi deus que criou o diabo esse lhe era inferior e não uma força equivalente . pensava nas mulheres que frequentavam a igreja e se alguma valeria a pena de casar-se ou se era apenas para um sexo sem telefonema no outro dia.
era um ignorante de pai e mãe, nunca fora a escola salvo para jogar futebol; preferiu sempre ser educado por quilos de maconha e programas da tv à cabo e até que saia-se bem se a conversa fosse superficial. ignorava quase tudo e quase todos, mas o fato de aviões voarem e navios boiarem com todo aquele peso o deixavam com um pé atrás sobre coisas sobrenaturais.
segurou firme no braço de sua mãe, fez o sinal da cruz e dirigiram-se para a porta da igreja.
o cachorro que esperava uma graça dos fiéis na calçada da igreja pensava porque não escolheu um restaurante para viver sua fé.

20100323

NARCISO INC. # 1734

se encontrasse o Corporal Upham no Sunset Boulevard daria uma boas porradas naquele covarde de merda com seu discurso hipócrita de poupar vidas...olhou em seus olhos e segurou sua mão como ela lembrava dos tempos em que eram crianças, não tinha mais vergonha de apresenta-la como sua mulher para os amigos niilistas e nem para os amigos do futebol de sábado na grama sintética, nem tampouco se preocupava com os motivos da morte do Private Mellish ou quem era o filósofo do pessimismo; só pensava que podia ama-la como sempre soube que a amaria e como as circunstâncias os uniu novamente... voltou de praga um dia antes por que o tempo estava muito chuvoso e chegou com uma tempestade elétrica que fez com que as esteiras do aeroporto engolissem sua bagagem por cinco longas horas, resolveu avaliar melhor a situação antes que decidissem morar juntos... nada do que falassem iria fazer com deixasse de ser feliz, como fizera a vida toda por orgulho e preconceito.

- acredito que agora é tempo de ficarmos juntos.

- estamos juntos agora.

- digo, como você sempre quis

- você está falando de quando éramos crianças?

- estou falando do modo como você me olha e do modo como seu corpo reage quando estamos juntos.

- então você acha que vamos ficar juntos finalmente?

- estou relevando diversas coisas para que sejamos felizes

- do que você está falando?

- de quando eu mais precisei que você estivesse ao meu lado e você escolheu não se arriscar e mentir que estava tudo bem com você e que eu era o louco da história.

- você mesmo poderia ter feito o miojo

- não se tratava de fazer a comida, apenas pela comida... era o momento em que eu estava mais precisando comer com você ao meu lado.

- você sabia que eu nunca perco uma estréia.

- e porque me procurou então...

- achei que você era diferente

- e não sou?

- é, mas não quero mais esse formato que você se transformou.

- você sabe que eu me tornei produto das relações em que você me envolveu esse tempo todo.

- você é bem engraçado... você imagina as coisas, fica todo cheio de expectativas e eu ainda sou a culpada.

- só quero esclarecer as coisas.

- está bem eu te dou um desconto.

- então você vai fazer a corrida em bandeira 1?

- agora você já está pedindo demais... hoje é domingo.

- teríamos filhos lindos.

- voce deveria dizer isso para ela.

nunca mais se viram desde que ela vendeu o taxi uma semana depois e foi trabalhar como caddie e por ele nunca poder dizer ha ela a frase de filme que esperou a vida toda.

20100321

VOU ME ACABAR EM SUA BOCA, NARCISO INC., seu leviano


nunca se chegou a um consenso sobre qual foi a última frase antes do fim do mundo; uns mais conservadores dizem que foi dito:" o inimigo jamais triunfará", outros mais conciliadores dizem que foi:" se ela não pode ser minha não vai ser sua também, seu mentiroso" e há ainda os mais fundamentalistas que dizem que a última frase antes que tudo no mundo se acabasse numa grande cagada foi:"querida, isso nunca aconteceu comigo". mas a verdade é que quando não havia mais nada de sofisticado pra se fazer um bom jantar, a única coisa que sobrou foi o computador do narciso inc. com todos os seus textos salvos no arquivo de documentos... num mundo sem emissoras de televisão e nem internet, e com as bibliotecas e livros do mundo todos queimados pela ordem sagrada dos cavaleiros que odeiam livros só restou para a humanidade já perdida no labirinto do tédio absoluto, transformar o narciso inc. em religião, porque gente desocupada não perde tempo em arrumar coisas para sofrer e viver infeliz...
no início foi a criação dos deuses maiores, porque mesmo sem referência alguma os sobreviventes adoravam uma hierarquia.
narciso inc. obviamente era o deus maior, mais bonito e com o corpo melhor definido pelo photoshop, sabrina duran era a deusa da temperança, elton o deus da sabedoria e do futuro, fênix a deusa do conselho e do bolo de chocolate com café amargo,diretor de filme 3268 o deus da confusão visual, hades continuou sendo o deus dos infernos mas teve que dividir com lúcifer que não abria mão por alegar ter mais citações; todos retirados das fotos de mulheres peladas do narciso inc. e das festas de fim de ano...
os deuses menores retiraram do filme a fantástica fábrica de chocolate e os dezessete filmes e três documentários de don luchino visconti de modrone conde de lonate pazzolo salvos na pasta de filmes, além das fotos de fim de ano...e assim estava escrito que seria o panteão do deuses, mas não se sabe como chegaram a esta conclusão
todos achavam que em se juntando todos os textos e fotos do narciso inc. se fechava um círculo de perfeição e harmonia e o mundo era uma maravilha por ninguém ter certeza de mais nada, por que ao ler o narciso inc. se teve certeza que a história é uma arma nas mãos de um ou mais loucos e que não importa o que eu diga sempre estarei pensando em suas pernas bem torneadas.
ninguém mais pensava que o futuro da humanidade mais uma vez estava selado em um elipse para outra destruição pois não mais transformariam uma boa idéia em crença

20100318

NARCISO INC. ARDENDO EM CHAMAS


viestes à casa da Dona Suely para que o vosso propósito
de contrair Matrimónio seja firmado com o sagrado selo dos correios,
perante o ministro da propaganda e na presença da comunidade

do jardim nova esperança.
Seo Amadeo vai abençoar o vosso amor conjugal.
Ele, que já vos consagrou pelos cotovelos,
vai agora dotar-vos e fortalecer-vos
com a graça especial de uma nova música do U2

para poderdes assumir o dever de mútua e perpétua fidelidade
e as demais obrigações do Matrimónio.
Diante da polícia secreta, vou, pois, interrogar-vos
sobre as vossas disposições.
- Atahualpa ataw wallpa e Svetlana Zamolodchikova ,viestes aqui para celebrar o vosso Matrimónio.

É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?
Os noivos: É, sim.
-Vós que seguis o caminho do Matrimónio, estais decididos a amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?
Os noivos: Estou, sim.
-Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom Ruan de Marco e a educá-los segundo a lei de transito e da sua sucursal?
Os noivos: Estou, sim.
- Uma vez que é vosso propósito contrair no canto Matrimónio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença das câmeras e da sua tigela de guacamole.
Os noivos unem as mãos direitas.
- Eu Svetlana Zamolodchikova recebo-te por meu esposo
a ti Atahualpa Ataw Wallpa e prometo ser-te fiel,
amar-te e respeitar-te,
na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida.

Eu Antonio Carlos das Dores recebo-te por minha esposa
a ti Leonor Watling, e prometo ser-te fiel,
amar-te e respeitar-te,
na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida.

Confirme aquele senhor da primeira fila, benignamente,
o consentimento que manifestastes perante a sua batalha de plateia,
e se digne enriquecer-vos com a sua música do George Benson.
Não separe o homem o que eu uni.
O sacerdote convida os presentes a cantar diz-que-deu-diz-que-dá-diz-deus-dará
-Bendigamos àquele senhor que chegou atrasado.
a noiva responde:
-Graças a Deus.
Atahualpa que amava Manuela e que não era nada parecido com Otávio , sabia muito bem como os europeus gostavam de passar a perna nos latino-americanos e deu um nome falso na hora de seus votos . a comunidade russa ortodoxa que veio ao casamento até hoje não acredita como um casal tão perfeito pode se separar oito dias após a lua de mel.

NARCISO INC. # 1473

Afonso pensava em filmes do Almodóvar sempre que algo que iria arruinar sua vida estava para acontecer, sempre que sentia aquelas sensações que formigavam seu corpo partindo do omoplata direito para o resto de suas costas e finalmente o corpo todo, entendia que estava vendo o buraco mas sabia que seu corpo não resistiria e iria a seu encontro. pensava nas pessoas comuns com suas vidas comuns e destinos trágicos como o de todo mundo com cores mais berrantes, nos belos seios de todas as mulheres comuns cheias de beleza real e tátil; mas nunca se importava com essas coisas, achava sinceramente que se atraia apenas por serem coisas belas e sujas e não se sentia confortável com coisas que seus medos e preconceitos não pudessem fazer piadas. dentre todas as suas filosofias de botequim e almanaques de frases feitas, eram as que seu senso comum determinava as que seguia como grandes verdades, desde que conseguiu provar cientificamente para sí que não era nenhum louco.
conheceu Milena em uma festa de sua prima da capital e Almodóvar foi a primeira coisa em que pensou... se apaixonou ao olhar em seus pés , era a única entre todas as mulheres da festa que usava sandálias rasteiras. pensava que os saltos altos determinavam o caráter de uma mulher e perdia a foda para não admitir que poderia estar errado. Milena além de estar com os pés mais próximos do chão, tinha aqueles seios que olham para direções opostas e não há nada mais belo no mundo que seios com dupla personalidade
Milena se apaixonou por Afonso porque lembrava seu pai em seu modo francês de olhar as pessoas que gostava e nada mais como dizia para Afonso entrelaçados na cama, mas era seu modo particular de amar e se defender do amor.
estiveram juntos por toda a vida dos dois, quando Milena morreu Afonso só pensava que deveria saber que tudo um dia iria acabar quando pensou em Almodóvar naquela festa de sua prima.
Afonso decidiu que não poderia ser tão ruim assim esse amor na eternidade pois Almodóvar fazia com que gostasse de Caetano Veloso e foi encontrar Milena dois meses depois.

NARCISO INC. & Eleanor Put Your Boots On

ao telefone discutia os termos de venda da casa que herdou de seus pais com o representante da construtora que pretendia construir condomínios de classe média, mas também sua postura estava mais propensa a que permanecesse o horto que seu avô construiu e seus pais preservaram, afinal nunca se preocupou com dinheiro e adquirir coisas, e aquela conversa era apenas por ser gentil e não abrir mão de que tudo estivesse muito bem esclarecido.
da sacada da casa em que morava se divertia vendo os jeitos e afetações das pessoas que circulavam pelo calçadão da praia e desse fetiche emprestava os motivos para suas crônicas postadas no jornal local todas as quartas-feiras
olhou para um canto da praia onde uma turma de meninos e meninas se divertiam jogando tênis, e ao observar melhor percebeu que não era uma bola que voava de um lado a outro da quadra, pois no chão estavam algumas bolas amarelas como canários belgas em posição fetal... era uma pomba acinzentada que ia de um canto a outro como um pedinte que se deslumbra com o movimento de pedestres...
da sacada seu modo particular de ver as coisas mandou uma informação para seu coração, que bombeou uma quantidade de sangue suficiente para despertar sua ira e tomar uma atitude conforme seus preceitos e preconceitos.
olhou nos olhos de seu pai morto há um ano e quatro meses, que o observava do sofá da sala e olhou no relógio da parede da cozinha e lembrou que não sabia ver as horas, mas afinal, tinha coisas bem mais importantes para aprender nessa vida do que ver as horas em um relógio de ponteiros... pegou suas muletas canadenses e foi para tomar as escadas e uma atitude em relação aos animais torturados do planeta.
quando de sua chegada à rua viu que já era alta noite e mesmo assim foi ao canto da praia onde estavam ainda os jogadores de pomba em duplas; eram todos traficantes de drogas que matam muito rápido e não sabia se os tratava como traficantes barra pesada ou como adolescentes com seu vocabulário indecifrável... optou por ser ele mesmo confiando em sua agilidade com muletas e krav magá.
- ae!!! vamos parar com essa porra!!!
- o que você disse ae tio?
- vocês podem deixar a porra da pomba em paz, agora! e mais um discurso sobre a maldição do especismo e as pragas que as gaivotas e pombas lançam em seus desafetos que durou aproximadamente 15 minutos pois foi bastante sintético.
- cara, nós até tentamos mas a pomba não quer ir embora!
- se vocês a ignorarem e não rebaterem, ela vai embora!
- mas o que foi isso em sua perna?
- estava jogando tênis... mas com bolas amarelas de pelúcia
- um amigo rompeu o tendão assim também, mas jogando com um pinscher!
- e como ele rebatia?
- com as duas mãos!
quando voltou para casa com a situação resolvida, seu pai que esperava ainda no sofá olhou em seus olhos como nunca havia olhado antes.
- você nunca vai mudar, pois não?
lembrou do dia em que foi com seu pai arrancar os matos do quintal da tia Titi e que já conhecia aquele olhar.

20100316

NARCISO INC. LEMBROU MAS ESQUECEU e não sabe se é doença ou só distração


Felipe III nunca soube porque, mas sempre pensava em anões; gostava do modo como se portavam em relação aos outros, sempre com uma postura firme e com um sorriso sarcástico de quem conta piadas inglesas e aqueles bracinhos cruzados lhe passavam a impressão de sabiam um algo a mais que o resto das pessoas que não são tão anãs, mas sabia também que havia naquilo algo de defesa; mas afinal quem é que não se defende o tempo todo de tudo, pensava enquanto comia seu café da manhã e almoço de pizza alicce amanhecida.
Ana Clara que havia dois dias desaparecida e sem sequer um telefonema entrou pela porta como quem fugia de um estuprador ou esquecera de levar o guarda-chuva, apontando seu dedo indicador com suas mesmas velhas cobranças... olhou para os pés da mulher como sempre fez, e como sempre fez para seu pai, e irmãos, e para Emílio que roubava seus lápis na quarta série do ensino fundamental; e a ouvia como quem conta o números de rios de um conto bem escrito e pensava que se fosse anão nada disso nunca aconteceria.
Felipe III que há essa época nem imaginava que o destino haveria de pisar em sua cabeça com os sapatos repletos de merda de gente, apenas imaginava que um dia todas as coisas guardadas explodiriam em uma chuva de atos heróicos ou de violência gratuita, e esperava por algo que o impulsionasse pois não tinha coragem nem para contrariar a sí.
quando de seu enterro os poucos amigos e os que não o viam desde que o cachorro mordeu sua perna mas apareceram mesmo assim para o pão com mortadela e café preto, se lembravam, nas rodinhas de conversa fiada de velório, do quanto era um homem amável e que nunca jamais ninguém o vira se alterar.
lembrava de António Henriques, que quando teve sua família assassinada por viciados em crack virou da noite para o dia o bom samaritano, como ficou conhecido pelos jornais, matando e torturando qualquer criminoso sem uma motivação válida enlouqueceu depois de passar com seu carro por cima de uma boxer prenhe e expelir os quatro filhotes pelo rasgo que se desenhou em sua barriga; acreditava que seria kaiser soze ou pancho villa mas acabou sendo execrado pela opinião pública e a sociedade protetora dos animais acabando por atear fogo em seu próprio corpo e enterrado em uma caixa de sapatos no BNH do cemitério municipal
Felipe III que apodreceria no caixão, já não se preocupava com comentários e humilhações, não conseguiu ser o anjo vingador com calça jeans e camiseta básica que mesmo diante do peso das vozes públicas não desistiu nem baixou a cabeça; mas ainda pensava que se fosse anão seu caixão seria menos incômodo para seus amigos carregarem até o jazigo da família de seus pais.

20100314

OS FILMES PREFERIDOS DO NARCISO INC. COM A PERNA IMOBILIZADA

em tempos de precious e alice no país das maravilhas um pouco da américa-muito-rica em seu lado mais podre contada pelo muito esquisito todd solondz em mais uma obra cheia de horrores cotidianos...
ah! assista a porra do filme que eu não sou crítico de cinema...
que gente folgada e preguiçosa!!!

20100313

NARCISO INC. & INFINITATRISTEZA

Sofia é uma dessas crianças que cresceram nesse século, e que sinceramente não tenho a menor idéia do que elas falam ou escrevem... estava mais uma vez bisbilhotando sua vida particular com o ouvido direito que melhor ouve pela porta onde mantinha uma conversa de cunho educacional com sua boneca Olivia, quando percebi que nunca mais entenderei mulher alguma, nem que eu queira...
- filhinha voce já tomou seu banho hoje?
- sim, mamãe!
- e lavou atrás das orelhas?
- sim, mamãe! como você me ensinou!
- e a sua tarefa escolar para casa?
- fiz, mas estou com problemas em matemática!
- uma mulher nunca pode ter problemas com matemática em sua vida...nunca!!!
- é por causa dos homens?
- principalmente por eles... não são muito espertos...
- e como eu saberei qual é o cara certo, mamãe?
- não existe cara certo, apenas o que você quer !
- então sou eu quem determina?
- sempre são as mulheres que determinam o rumo das coisas realmente importantes...
- como aquela parada da mão que balança o berço?
- você tem que prestar atenção, porque é importante... as mulheres, ao menos as que honram Lilith e Gaia, são as mulheres que escolhem o parceiro com o qual ou os quais elas querem perpetuar a espécie...
- mas isso todo mundo sabe mamãe!
- mas você deve estar atenta aos motivos...
- perpetuação da espécie e melhoria genética para adaptação não são motivos suficientes?
- são motivos suficientes, porém secundários...
- e quais são os verdadeiros motivos
- o prazer é a força motriz das espécies... é da busca incessante pelo prazer que se origina a vontade de sobrevivência dos organismos...
- mas isso não é hedonismo?
- o hedonismo foi uma maneira de depreciar o estado de prazer e torna-lo pejorativo... com o passar dos tempos e influencias sociais o prazer ficou sendo subversivo para as massas
- mas, como eu saberei qual será a melhor escolha... e se eu me apaixonar?
- você sempre deve estar apaixonada... e quando estiver apaixonada será porque você estará vivendo o estado de prazer em seu dia a dia...
- e isso não se torna banal?
- essa lenda de que a felicidade só existe em detrimento da infelicidade é um discurso medieval e você já deveria saber disso...
- então eu tenho que ser bem-humorada, inteligente, bonita e bem sucedida financeiramente para dominar?
- minha filha, assim até os cachorros com sarna e rabujo...
- eu não entendo, mamãe!!
- é que você ainda é só uma bonequinha, minha princesa...

20100312

NARCISO INC. GOES TO HOLLYWOOD - PARAIBA - BRASIL

fui ao hospital para visitar meu amigo brasileiro na cidade Antonina; que não se sabe como, nem ele mesmo, não conseguia enxergar absolutamente nada com matiz avermelhada; ao chegar na recepção e perguntar o quarto em que estava hospedado veio um atendente com uma cadeira de rodas para que eu sentasse...
- você está enganado, senhor, eu vim visitar um amigo!
- você não é o narciso inc.?
- não, eu sou o Luciano!
- e não são a mesma pessoa?
- é, de certa forma...
- então, por favor!
sentei e pensei, não nessa ordem, que maravilha está o serviço de saúde nesse país é uma gentileza sem tamanho, imagina se eu viesse para consultar, certamente serviria caviar beluga malossol e Chateau Lafite 1787; mas por que Satanás eles iriam servir uma bosta dessas num hospital?
encaminharam-me ao quarto e nada do meu amigo brasileiro na cidade Antonina
uma enfermeira, que tinha cara de técnico em enfermagem, tirou minha pressão, coletou sangue,passou o número de seu telefone pessoal caso eu estivesse muito entediado, e essas coisas comuns em hospital; e minutos depois estava ela e mais duas mais gostosas que ela com uma maca de rodinhas de aço inoxidável para me levar para a sala de cirurgia...
e eu achando que a recepção era eficiente, isso aqui que é eficiência...não preciso nem gastar minha chinela para ir ao encontro de meu amigo... pensei, enquanto me distraia com aqueles lindos seios que quase nem balançavam de tão rígidos e olha que eram tamanho médio pra cima.
chegamos na sala de cirurgia e me largaram lá por uns bons dez minutos de espera ( era bom demais para ser verdade...porra, dez minutos...)
- aparentemente o rim está bom, mas se estiver com algum problema fazemos um bom desconto. falou um enfermeiro da Bósnia Herzegovina ao telefone.
- aquela sua encomenda de córneas chega amanhã. disse ao telefone celular com câmera uma médica com traços eslavos da Eslovénia.
- o corpo para dissecação chega em 13 horas. disse um filhodaputa de um açougueiro com cara de corno bravo que acha que eu sou uma picanha de vaca; e a essa altura já tinha borrado toda a camisola aberta atrás e o lençol da maca.
me levaram para a sala onde nunca mais eu veria meus entes queridos que estão vivos, nem tomaria cerveja belga e quem dirá plantar uma árvore em uma praça que se fuma crack ao entardecer.
senti meu corpo se afastando de meus pensamentos raros e ao longe ouvia apenas conversas animadas sobre o valor do aluguel da casa na praia, que Aquiles foi banhado no rio Estige por sua mãe Tétis que deu pro Peleu rei dos mirmidões e o cara era o Brad Pitt, que a diária dos anestesistas tinha que ser revista pelo conselho e que quando Nick Cave viesse ao Brasil iriam encher uma Van para ir ao show...
- procure não levantar a cabeça! disse uma voz que reconheci como sendo de algum anjo que não se esborrachou no chão
- essa sensação vai passar em algumas horas! disse alguma santa Catarina.
- vocês viram o que aqueles carniceiros fizeram comigo? fui visitar meu amigo e virei produto de varejo... mas o inferno aguarda aqueles filhosdaputa... quando eu vou ver meu pai?
- senhor, as visitas são permitidas somente após doze horas de sua cirurgia...
- até aqui no céu tem essa putaria de horário de visita?
- senhor, o senhor está no apartamento #06 do hospital. disse a gostosa da anja com um sorriso imbecil
imediatamente tateei meu lindo corpo e não sentia nada do quadril para baixo e ao pegar na porra do meu pinto quase chorei... era uma porra de um montão de carne mole caído para o lado esquerdo.
- estou aleijado!!! vou virar o tenente Dan do Forrest Gump... e agora como vou correr a maratona de New York?
ninguém me respondeu, nem Deus nem a campainha que chama as enfermeiras e só restou para mim descobrir por associação se tinha morrido ou se tinha me decepado.
felizmente depois de umas treze horas e trinta e seis minutos tive minha ereção matinal e no televisor do apartamento passava o vídeo da minha cirurgia para ligar o tendão da minha perna esquerda que explodiu no jogo de tênis com Sampras
certeza... a médica era Mia Wasikowska.

20100310

NARCISO INC. & ANYWHERE I LAY MY HEAD DO TOM WAITS


Andava pelas ruas da cidade e todos o aplaudiam como se tivesse acabado de tocar a música que todos estavam esperando há muito, alguns choravam lágrimas sinceras e outros corriam ao seu encontro para ao seu lado tirar fotos com máquinas fotográficas de telefone celular... sabia que tinha tomado banho com aquele sabonete que sua prima querida havia presenteado no natal passado e sabia também que sua mãe lavava sua roupa com carinho para não desbotar muito rápido e encher de bolinhas, mas não era pra tanto...
Desde que o governo liberou a informação de que o mundo finalmente iria acabar, as pessoas não estavam rasgando para mais nada e os que não correram para as cavernas e igrejas queriam mais é se divertir...todos sabiam que quando aquela porra daquela pedra gigante que arrastaria quatro dos oito planetas da via láctea chegasse nada mais faria sentido, não haveria caverna, nem nave e nem porra nenhuma que se inventasse que salvasse o mais rico e poderoso dos quatro planetas e satélites adjacentes, então porque estava todo mundo lhe rendendo homenagens se não haveria salvador que salvasse nem a si próprio.
De todas as coisas que nunca conseguiu entender em toda a sua vida essa seria mais uma; mas, Dona Alice que tinha duas filhas e teve um filho que morreu muito cedo se aproximou e como quem pede dez pães ao entardecer na padaria disse:
- você sempre soube, pois não?

depois de muito tempo se aturando mutuamente, os dois maiores pesos pesados desse blog resolveram se degladiar na maior batalha do século passado...
em breve nesse ringue

20100307

NARCISO INC. NO REINO BABILÔNICO DOS QUE SE DESFAZEM DE SEUS DIAS


pensava que se cavalos tivessem pés a indústria de calçados seria uma boa opção de investimento a médio prazo e agradecia sempre por terem bocas limitadas pelo tamanho e não poderem engolir as pessoas quando arrastavam carroças pelas ruas; nunca foi um grande entusiasta do pensar livremente, quando muito fundia a idéia de uma frase de um poeta obscuro com a sugestão de músicas de um de seus conhecidos garimpeiros; mas estava feliz por sua condição de errante, como acreditava que era. Estavam todos lá... esperando sua chegada trajados de grande gala com luvas brancas inclusive e com embandeiramento em todos os mastros; nos momentos mais importantes de sua vida pensava sempre em fatos alheios às circunstâncias e nesse não foi diferente...
-ao menos nunca senti a dor de parir de um cavalo... falou baixo para o ar que respirava.
já havia pago o barqueiro com as duas moedinhas de níquel que achou em um dos bolsos da calça e não disse uma palavra sequer toda a viagem apenas despediu-se desejando uma boa semana de serviço e que mandasse lembranças para as crianças...
nunca achou realmente que conseguiria muita coisa da vida e o suficiente que tinha estava de bom tamanho mesmo quando todos que conhecia estavam tomando banho em cascatas de pinot noir, mas não suportou ter engolido aquela mosca quando abriu a boca para bocejar; todo seu conformismo ruiu de uma vez...
- agora você foi longe demais! gritou Olavo para o velho destino, que escreve a vida dos acomodados e incapacitados em sua cadeira de vime.
- você testou o limite de minha dignidade pela última vez seu velho desgraçado! gritou novamente um Olavo de olhos injetados, porém, sem nenhuma resposta.
- espero que quem escreva a sua vida também esteja de ressaca, seu velho bêbado!
não sabia Olavo que aquela mosca estava agora dentro de sua boca porque os cavalos em um momento especial de suas vidas decidem empacar ou dar coices fatais.
Colocou a mochila de lona nas costas com a prova de suas poucas lembranças e seguiu o caminho para a festa que não se cancela onde estavam seus amigos e parentes e os que conheceu nas inúmeras viagens de ônibus coletivo para o trabalho; Olavo olhava para trás e via que a estrada se encurtava atrás de seus pés e ninguém mais poderia segui-lo e se sentiu seguro mais uma vez, como se sentiu toda a sua vida e como esperava se sentir no futuro...
- se me derem outra oportunidade vou fazer diferente; pintar todos os cantinhos escondidos...
Olavo voltava todos os dias do trabalho caminhando para chegar o mais tarde possível e não se incomodar com as perguntas dos vizinhos sobre a produção de sandálias de madeira.
- tome as rédeas, Olavo! falou de sua cadeira o velho destino com a cara inchada e gosto adstringente na boca.
- o inferno deve ser adornado por moscas de todas as cores! disse Olavo para a calçada do quarteirão que faltava para sua casa, enquanto espantava uma varejeira que zumbia em seu ouvido bom.

20100305

NARCISO INC. ACHTUNG BABY DO U2


- então foi naquele dia?!?!?!?
-eu tinha que ter certeza...afinal eu ainda tinha como fazer diferente, apesar de tudo...
-e eu pensando que a parada da praia era importante...
- eu falei pra voce que não tinha acontecido nada...
- sempre soube desde aquele dia que voce tinha tido uma impressão ruim a meu respeito...
- mas agora é muito diferente...
- por isso estamos todos aqui...
- eu faço questão de ir te visitar...
- é um pouco tarde para desculpas...
- é que eu pensei que...
- olha a cara disso... estou só zoando... relaxa...
- você não vai falar de mim?
- voce sabe o que eu vou falar...
-poderia ao menos não me ignorar...
- se você ao menos conseguisse decidir o sabor de seu sorvete... todo mundo quer pistache.

20100304

NARCISO INC. QUANDO DOIS NÃO QUEREM UM NÃO BRIGA SÓ O OUTRO que briga

eu tive uma epifania ouvindo happy birthday song

(Do grego epiphainein, ‘manifestar’; raiz em phainein, “mostrar, fazer aparecer”) Termo que antes do Cristianismo designava as aparições dos deuses; veio a designar, posteriormente, a festa que ocorre a 6 de Janeiro, data em que Cristo se manifestou aos Gentios (na pessoa dos Magos) e a sua divindade foi revelada ao mundo. James Joyce apropriou-se do conceito de epifania e secularizou-o, dando-lhe uma conotação essencialmente literária que entretanto se institucionalizou no vocabulário crítico. A definição joyceana é largamente conhecida e frequentemente citada, embora surja apenas em Stephen Hero (edição e introdução de Theodore Spencer, Jonathan Cape, London, 1948), uma primeira versão de A Portrait of the Artist as a Young Man que é consensualmente considerada de inferior qualidade, foi rejeitada pelos editores, e o próprio autor não quis, posteriormente, que fosse publicada. Joyce apresenta o conceito nos seguintes termos: “Por epifania ele referia-se a uma súbita manifestação espiritual, presente quer na banalidade da fala ou do gesto quer num estado memorável da própria mente. Na sua opinião, cabia ao homem de letras registar estas epifanias com um cuidado extremo, visto tratarem-se dos mais delicados e evanescentes dos momentos(…)” [itálicos nossos] (188) Stephen Hero, o protagonista do romance com o mesmo nome, glosa e adapta nesta passagem o terceiro elemento da definição de beleza de S. Tomás de Aquino – claritas. Como ele próprio explica, atribui a este termo um significado metafórico, interpretando-o como quidditas – que traduz por “radiance”. Os primeiros dois elementos – integritas e consonantia - são traduzidos na obra acima referida por “integrity” e “symmetry” (idem, p.189), enquanto no Portrait, os termos preferidos por Joyce são “wholeness” e “harmony”. De qualquer forma, os seus significados não diferem grandemente: no primeiro momento, o objecto destaca-se, definindo inequivocamente as suas fronteiras com o vazio momentâneo que constitui o não-objecto; em seguida, as partes que o constituem são analisadas, sendo percepcionada a simetria que o compõe; finalmente, como resultado de uma clara apreensão da forma do objecto, é operada uma síntese: “a sua alma, a sua materialidade ou essência [whatness] é projectada para fora das vestes da sua aparência, na nossa direcção” (idem,190). É este então o momento da epifania.

Como lembra Aubert (The Aesthetics of James Joyce, The Johns Hopkins University Press, Baltimore & London, 1992), enquanto S.Tomás de Aquino encara o objecto como analogos, i.e, como apresentando na sua forma uma relação com a beleza transcendente, Joyce rejeita esta divisão e funde essência e percepção. Importa destacar, como o autor de Ulisses o faz (op.cit., p.188), que o objecto da epifania é trivial, não se destacando por si só. A chave para compreender a excepcionalidade do momento está no papel activo da mente: um objecto que faça parte do nosso campo de visão quotidiano pode ser repentinamente resgatado da sua banalidade, através da focagem operada pelo nosso “olho espiritual”, parafraseando Joyce.

O aspecto destacado — a democratização dos temas literários e simultânea “elevação” dos objectos comuns – tem levado os esforços genealógicos em relação à epifania literária a apontarem como momento seminal o Romantismo (destacam-se os nomes de Ashton Nichols e Robert Langbaum). Na poética romântica, a sensibilidade extrema do sujeito conduz a uma percepção da profundidade do mundano, fenómeno que ocorre em momentos privilegiados de enorme intensidade – os “spots of time” de Wordsworth, por exemplo (Prelude, Bk. XII, l.208). Ralph Waldo Emerson, na sua versão transcendentalista do Romantismo continental, chega a aplicar a própria palavra, ainda que num contexto declaradamente religio“Um dia arrasta-se após outro, repleto de factos, coisas enfadonhas, estranhas, desprezadas… hoje em dia o intelecto desperto descobre ouro e pedras preciosas num destes factos ignorados, e então apercebe-se …que um facto é uma Epifania de Deus.”(Selections from Waldo Emerson, ed. Stephen E. Whicher, Boston, 1960, p.40). Tanto Langbaum como Nichols identificam na epifania um “instrumento de transição” da poética do séc. XIX para a poesia e prosa do século seguinte. A este propósito, o primeiro fala mesmo de um “modo epifânico” que determina tanto a composição do objecto literário como a forma de pensar a relação entre literatura e o real desde Wordsworth. É necessário ter algumas reservas em relação a este alargamento do conceito. Devemos, por exemplo, distinguir epifania de símbolo: este último, ainda que não dissipe o seu significado literal, aponta fundamentalmente para uma alteridade que ultrapassa as fronteiras do objecto (uma coisa é ela própria e, simultaneamente, símbolo de outra). Na epifania, pelo contrário, é o objecto ele próprio que é revelado. Dito isto, importa reter alguns pontos essenciais da argumentação de Langbaum: primeiro, que o dito “psicologismo” ou subjectividade dos românticos - herdado em parte pelos modernistas - não se opõe necessariamente a um confronto com o real, sendo a epifania um dos pontos de encontro; em segundo lugar, este conceito é um dos marcos na transformação da prosa que ocorreu a partir de finais do século XIX, e sobretudo no primeiro quartel do séc. XX – a procura sistemática de formas de organização alternativas à linearidade do enredo. Neste processo, a poesia foi uma das fontes de “inspiração”, o que levou a que se fale do género “romance lírico”.

Importa demorarmo-nos um pouco mais nas intenções por detrás da experimentação formal dos modernistas e a forma como se relacionam com o conceito de epifania. As narrativas teriam de ser flexíveis o suficiente para apreender as óbvias e constantes metamorfoses do real, mas procuravam também pontos de referência que servissem de contraponto a essa fluidez (e que, em última análise, tornam os romances “legíveis” de alguma forma). Por outras palavras, a “democratização” de que se falou não implica um tecido narrativo indiferenciado. Mesmo uma prosa em muitos aspectos tão oposta à de Joyce como o é a de Virginia Woolf, com um ênfase notório na fluidez dos pontos de vista, apresenta sistematicamente pausas que funcionam quase como chaves de leitura: “iluminações, fósforos que se acendem inesperadamente no escuro” (To the Lighthouse, p. 176). A epifania é um instrumento de revelação, que suspende o devir e se destaca dele. O momento, ainda que efémero, é registado - prende a atenção - e dessa forma prolonga o seu significado, permeia o resto do texto e fornece nós privilegiados de significado ao leitor.

acho que me enganei... não era uma epifania... uma epifania não deve ser algo tão chato assim...

MAIS OUTRA HISTÓRIA IDIOTA BASEADA EM FATOS REAIS sem fim, ainda bem...

fui visitar minha amiga brasileira em paranaguá depois de muito tempo sem há ver ou ouvir, e em muito tempo muita coisa acontece nas vidas das pessoas; mas na maioria das vezes não acontece nada, as pessoas só ficam mais feias e rabugentas e algumas com bigodes...
depois de penar em quase nenhum emprego porque o pai dela é um desses caras com muita grana e muita culpa por ter grana, minha amiga brasileira em paranaguá decidiu deixar aflorar seu lado mais empreendedor, otimizando a mais valia e customizando os meios de produção e a putaqueopariu que eu não estou entendendo mais nada do que estou escrevendo; e olha que é uma menina que aprecia artes de um modo muito geral e até produz coisas que são legais de se ver ou ouvir dependendo do seu estado emocional e ou se leonard cohen virá ou não pra o café molhado na bolacha ou é o contrário, mas a porra do dinheiro sempre ganha e olha que a arte gráfica do dinheiro é uma bosta; disse minha amiga que encontrou um nicho de mercado pouco explorado e com a atitude certa e alguma agressividade com os clientes e concorrentes dentro em pouco dominaria a porção que lhe cabe contra as grandes corporações... e fiquei pensando o que será que essa porra dessa guria está falando? será que está drogada? não viemos aqui só pra transar depois de umas duas cervejas?eu deveria procurar a alaide e marcar uma consulta para ver se o problema não está comigo... acorda! teu plano de saúde não cobre análise nem acupuntura só doenças que não matam... se fosse pra sair de casa para ouvir essas coisas teria ficado jogando medal of honor com minha filha porque ela adora ver eu jogar e matar quase todos aqueles nazistas filhosdaputa com apenas um tiro certeiro na cabeça com meu rifle de precisão... eu sou fóda...não tem perdão... bitte töte mich nicht... ich habe frau und kinder... ich mag und wiener würstchen... foda-se chucrute...
resolvemos ( ela resolveu porque ela é quem dirige em todas as formas) ir até o escritório da empresa onde ela ganha aquele monte de dinheiro... meu!! vou comer em cima da mesa, espalhar pelo chão aquele monte de clips e papel reciclado e derrubar a bosta do bebedouro que eu não lembrava o nome... a guria construiu um prédio que parecia o guggenheim de bilbao pintado de verde que é esperança, vigor, juventude e calma; e não entendi nada de novo... imaginei que produziam quadros de julian schanabel em grande escala ou aquelas putarias do mimmo paladino para pendurar na sala... coisa linda mesmo, muito vidro blindex e espaços livres que não acabavam mais...
- então... onde é tua sala?
- não viemos aqui para ver a minha sala...
meu caralho, vou comer no hall e todo mundo que passar na rua vai ver minha bunda...
- quero te mostrar a minha grande sacada comercial...
sinceramente, nessa hora o fluxo de sangue desviou para algum lugar que desconheço...
entramos em um grande galpão anexo onde se amontoavam pelo menos 341 porcos, uns com feridas a mostra, sem orelha, com pústula quase explodindo,tinha até porco com os bacon pra fora...
- não é uma beleza?
- ae, sua louca drogada e desgraçada... você me trouxe até aqui pra ver uma vara de porcos... nem se coça que não vou te pegar nesse chiqueiro nem fodendo, minha calça é cinza claro e a sujeira não sai nem com macumba-epahê...
- como você é nojento...
- sério, eu não vou entrar nessa merda cheia de bosta...
- essa é a minha sacada comercial...
- cara, você me surpreende cada vez que te encontro nas bocadas, quem iria pensar em criar porcos?
- você precisa ver o que eles fazem...
- bacon e torresmo? ou equilibram maças e saem correndo com as fitas fazendo espirais?
- eles não são para ser comidos... são criados para comer...
- e isso é lucrativo? não devia ter faltado aquela aula de contabilidade no ensino médio...
- minha empresa presta serviço para as máfias, todas elas; para os governos, quase todos eles; para casais que não se amam mais, absolutamente todos que não se amam mais... estes porcos não são alimentados por dias, quando qualquer comida entra nesse galpão não sobra absolutamente nada para se provar que a comida um dia entrou nesse prédio...
- é o que estou pensando?
- não é uma beleza?
- você não sabe falar outra coisa além de " não é uma beleza?"
- cara, isso é assassinato...é passagem garantida pro inferno
- que assassinato... está louco? parece que não me conhece... acha que sou dessas que sai por aí queimando a cara?... nós só nos livramos das provas dos crimes...
- cara, mas é ocultação de cadáver...
- qual cadáver? hahahahahahaha!!! ops!!!
depois de ter visto uma aliança grudado nos dentes de um porco cor de rosa e ter vomitado o cheese-frango do almoço voltamos para o bar e nem fodendo que eu iria comer aquela guria de novo... imagina se eu broxo... é claro que é uma impossibilidade natural...
minha amiga brasileira em paranaguá disse que teve essa grande sacada assistindo os filmes do tarantino, mas foi em dragão vermelho que a parada tomou corpo...
... e se ela não gostar dessa história?

20100302

NARCISO INC. O PIEDOSO


- olá, Nicolau...como estão as coisas?
- vai indo...
- está chateado?
- fui visitar meu filho na clínica de desintoxicação...
- quer dizer que aquele merdinha que jogava miojo cru na gente virou um maconheiro?
- que nada...pedra.
- que foda, não é? mas vai dar tudo certo...
- o medico disse que ele não passa desta semana... o corpo não está resistindo a abstinência.
- caralho, tua mulher deve estar muito mal também...sempre foi tão sensível...
- ela nos deixou...
- sério? ela sempre foi uma vagabunda mesmo... lembra daquele argentino?
- ela morreu de desgosto...
- espera lá, ninguém morre de desgosto...
- ela estava com câncer e a metástase a matou...
- que chato, hein? mas você deve tocar o barco... você tem a sua casa, o seu emprego, os amigos...
- fui demitido do banco depois que contratei meu cunhado e descobriram que ele desviava o pagamento das pensões de aposentados por invalidez...
- mas você pode arrumar outro emprego, com essas qualificações... direito em Harvard...
- meu registro foi cassado quando descobriram que minha tese de conclusão de curso tinha um parágrafo plagiado...
- cara, que merda! mas você ainda pode alugar uns quartos daquela sua casa com quartos que não acabam mais...
- a casa queimou em um incêndio e o seguro estava atrasado...moro em uma kitnet emprestada...
- e aquele monte de amigos que frequentavam a sua casa?
- só sobrou você... os que não morreram naquele cruzeiro pelas Bahamas estão presos por não fazerem a manutenção no iate e o resto não atende mais o telefone...
- cara, você está bem fodido mesmo se depender da minha amizade... não consigo ser amigo nem de mim mesmo... estou sempre me sacaneando...
- mas as coisas são assim mesmo...
- falando sério Nicolau... porque você não se mata logo?
- até pensei nisso... mas depois do derrame não consigo nem limpar a minha bunda, quanto mais atentar contra mim mesmo...
- fora isso...
- ah, tudo na santa paz...

NARCISO INC. WICHITA CONNECTION


- ae galera... dia 16 de Março é o aniversário do Luciano... vai rolar o maior festerêêÊ!!!
- ah, narciso inc. você é um bomfilhodaputa, pois não?não me foda!!!
- o que eu fiz?
- porra, agora vai vir uma galera... e não vai dar...
- por que não vai dar?
- sabe como é minha tia. não é?
- ah, foda-se a tua tia e aquele teu primo bisca...
- é, foda-se eu... depois não tenho mais lugar para morar... ai, foda-se nós...
- é só uma festinha... convida eles também...
- sou eu que moro na casa deles e não ao contrário...
- você deveria parar de se diminuir... eles devem agradecer aos céus por você suportá-los.
- e tem ainda a grana para o jantar e as bebidas...
- é só convidar meia dúzia de pessoas que está lindo...
- eu ia convidar meia dúzia de pessoas...
- você acredita realmente que se eu não dissesse nada viriam uma meia dúzia e agora temos que alugar um estádio... como você não tem noção... vai vir todo mundo, a scarlett johansson, nick cave, saramago, pierre, rosário dawson, tom waits, diretor de filme, rachel weisz, fenix, os pistols para conversar com o bono... e ouvir aquelas músicas horríveis que você ouve e ouvir as coisas horríveis que você fala...
- pois é... que se foda... que venha todo mundo...
- até aqueles que só trazem o estômago e o fígado e ainda emporcalham todo o banheiro?
- deixa rolar narciso inc., tá valendo tudo...
- estou gostando de ver... agora sim é o Luciano que eu gosto... sem traumas... sem freios morais... sem aquela coisa comunista...
- do que você está falando? você não está convidado...
- então como eu faço, seu sabido? pulo da tua cabeça e espero na portaria?
- você vai ficar na churrasqueira...
- na churrasqueira? me deixa limpar o banheiro então...
- na churrasqueira para deixar de ser boca aberta...
- tomara que não venha ninguém.