20100703

Fragmentos do diário de federico, o agrimensor


(Essa parte não foi possível decifrar a caligrafia de Federico)
Não podia precisar o que de fato aconteceu, mas era fato que não havia mais ninguém na cidade e talvez no mundo todo além de Federico; não sabia se foi um pedaço de planeta ou uma daquelas bombas que matam todo mundo ou ainda uma doença que acomete tudo que é vivente.
Federico sabia apenas que não havia barulho nas ruas, nem nas emissoras de televisão e rádio, nem cachorros e cadelas e nem aqueles passarinhos que cagam nas pessoas e que acordou com uma enorme dor de cabeça no meio da rua
( Federico, acredita-se, não tinha o hábito de escrever com frequência, essa parte do diário estava ilegível)
Depois de andar por horas tentando encontrar alguém que o ajudasse descobrir onde morava ou mesmo quem era, entrou em uma construção que fora um dia um supermecado desses que vendem até coisas inúteis para encher gavetas
( esse filhodaputa escrevia com o calcanhar esquerdo, que letra do caralho)
Federico gostava de pensar que seria ótimo se não fosse cego quando sentava na poltrona do cinema para ouvir os filmes do projetor do cinema, pois não entendia uma palavra sequer de búlgaro. Com o tempo acreditou desvendar as falas dos personagens e o enredo do filme pela intonação e sons ambiente, mas eram apenas conjecturas poderia ser um filme de guerra ou uma comédia sobre fogos de artifício, preferiu acreditar que era uma história de amor e redenção.

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