- gostaria muito que você entendesse minha situação, não é maldade pura e simples por mais que se pareça com maldade pura e simples, mas escrever é o ato de agressão que queremos esconder de nós mesmos, afinal quem tem coragem de mostrar para si mesmo esse ego carcinoma que cria inimigos e monstros para nos assustar com toda a violência que só ele é capaz.
- você só é preguiçoso... tem preguiça de pensar por que acha que é fatal pensar.
- mas você concorda que a culpa é do ego.
- concordo que é o ego... mas você é que não consegue ver; o ego diz violência mas é só medo e o medo leva a desesperança e, ato contínuo, à violência; isso para não se deter no desejo e no poder, que você não veria mesmo como não pode ver o percurso do pensamento pois parou na preguiça.
- então é o medo... isso quer dizer que não posso confiar em como organizo as informações e respondo a elas?
- você está fazendo de novo... agora você vai se deter em um ponto periférico e desistir de seguir em frente porque acha que está em uma situação bem agradável e tem medo de errar o caminho... até a estrada desaparecer sob seus pés.
- é que prefiro imagens... escritores são incapazes de se divertir em festas.
- não importa, você vai ter preguiça de olhar as imagens também ate estar completamente cego... é assim que você acostumou a fazer as coisas... você ficará cego quando as imagens não forem mais suficientes.
- as imagens são mais completas... não estão sujeitas aos erros de uma só pessoa e está sujeita a toda sorte de perspectivas e erros infinitos.
- isso é com você... mas quero que você saiba que as imagens são a fronteira e você não está preparado para isso... é o fim da linha.
- está ficando cada vez mais difícil... então me diga as horas.
- para que você quer saber das horas? você já está morto.
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