20100422

NARCISO INC. & THE STONING ASTONISHING OF MYSELF pois sou um homem de posse e de bom gosto


- onde eu vou colocar a porra desse gato? me diga?
- você é quem escreve aqui... você tem que saber...
começou a escrever nos primeiros anos da adolescência coisas banais de sua observação como parte de um trabalho para determinar a sua eventual evolução e determinar a datação dessa evolução proposto por sua terapeuta pois seria impossível reunir os pais e os irmãos em uma terapia de grupo.
assim como foi sugestionado a escrever, procurou em outros autores que não ele próprio quais as suas sugestões particulares, nunca se interessou pela forma nem tampouco pelas idéias literárias,era a motivação do autor que procurava. concordava que inconscientemente podia ser infectado pelo modo de escrever ou pelas mensagens não explícitas de alguns autores, mas seu ego superdilatado não dava espaço para se importar com a subjetividade.
de tudo que escreveu desde a primeira linha até o dia em que escrever virou uma maldição contra si, nunca foi capaz ou sempre foi arrogante suficiente para fazer uma correção. acreditava, sinceramente, que não podia corrigir erros ou idéias erradas se é que elas existissem quando escrevia e que tudo era parte de um todo de uma excelência literária que inventou para si, como todo autor inventa e classifica como estilo próprio.
era capaz de colocar uma pistola Llama I. de 7.65 mm fabricada por Gabilondo & Cia em Elgoibar nas mãos de Flávio Claudio Juliano, o apóstata, mesmo sem usar um truque de física quântica ; e ele próprio com um relógio de pulso com pulseira de titânio mesmo com todo mundo sabendo que sofre alergia ao metal e não consegue parar de ver as horas por que sofre, também, de transtorno obsessivo compulsivo; e ainda, dizem, que foi capaz certa vez, de recriar em sua cabeça toda uma novela pulp com a fotografia inspirada em a leiteira de Johannes van der Meer onde James Cagney vestido de corista discute a validade dos calendários com Cantinflas antes de matá-lo e a todos que estavam no bar exceto por aquela menina cega que todos concordavam que já sofrera demais por ter nascido finlandesa. esteve certo até hoje que não havia nada existente nos dicionários que não fosse capaz de entranhar em suas frases bem construídas e com efeito devastador, e que não transformasse as suas existências em experiências sublimes para as próprias coisas que citava e redefinia seu valor e propósito linguístico... até aparecer esse desgraçado desse gato que não cabe em história alguma.
dedicou o resto de sua vida em uma empresa focada em dar ao gato um lugar em seu mundo fantástico e sem humor, já não sabia quem resistia mais se era o gato em entrar em suas linhas ou se era ele que dedicou a vida a um acúmulo de equívocos.
foi sua tia-avó Alaide que do túmulo há tempos vazio pelo humor do tempo alertou para a questão do gato.
- você nunca percebeu que todos os seus parentes, os mortos e os vivos, usam óculos? que a visão nunca foi nosso ponto forte?
não havia mais o planeta para atrair seu corpo com a força gravitacional, admitiu em um gole apenas da ácida verdade que nunca fora um escritor e que a arrogância cegou o fato de que não existe escritor que não use óculos.

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