não lembrava mais porque sentiu vontade de comer chocolate amargo às 4:00 da manhã enquanto tentava estancar o sangue que espirrava de seu abdome e pensava naqueles que seriam seus últimos momentos porque diabo escolheu se meter na briga de marido e mulher, se era só comprar sua barra de chocolate e voltar para o tédio de sua vida e amaldiçoar a solidão. nunca se importou com a vida dos outros sequer para um conselho para os amigos que sofriam de alguma desilusão, achava que a força da palavra era maldição que não suportaria rogar para alguém tão caro... era um covarde e sabia disso, mas não se importava também em se enganar por que era menos filosófico e filosofias dão gastrite e úlceras no estômago; assim como nunca gostou de chocolate pois pensava em chocolate como adição de anandamina, triptofano, xantina e ninguém precisa dessa merda para ser feliz.
- para que se nasce se tem que se morrer? falou baixo enquanto o sangue saía misturado à bílis, mas não havia ninguém para ouvir.
queria poder mergulhar saltando de uma grande e alta pedra e correr 16 quilômetros e suar a roupa toda e beijar desconhecidas no carnaval...
mas seu corpo perdia seus 21 gramas e apodreceria num buraco coberto de terra e nem mesmo Li Mu Bai poderia correr pelo topo dos bambuzais para impedir que o projetil fosse disparado por um viciado ciumento que espancava com frequência a namorada.
Benício nunca soube que morreu defendendo o amor.
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