20100809

NARCISO INC. e sua incrível necessidade de escrever algo que termine em merda não necessariamente nessa ordem


Tentou a carreira de crítico de cinema pois afinal era o cinema que se identificava mais com um arremedo de justificativa para a vida e tudo que implica estar vivo, personagens que esquecem seus passados sórdidos no próximo roteiro original e trazem a redenção ao mundo e ao público que chora e quer mesmo agora fazer a revolução, como se fossem purificados pelo esquecimento e a dinâmica do mercado . tinha todo um mundo de referencias literárias imposto por seus pais desde que era uma criança e isso deveria ter ajudado em sintetizar em algumas laudas do que se tratava a proposta do autor e a condução do diretor e as afetações improvisadas dos autores e ainda se o orçamento permitisse a fotografia do filme com algum fotógrafo de nome eslavo; mas era tão impossível escrever algo enquanto sentia náuseas crônicas e despejava jatos de vômitos nos espectadores imediatamente ao seu entorno com pedaços de beterraba mal mastigados e salsichas de soja sem glútem e algo que lembrava cerveja irlandesa compondo a obra.
Nunca admitiu ser acusado de saudosista, que tinha um pé no expressionismo alemão e o outro na nouvelle vague e que o pobre Glauber lembrava seu primo enquanto bebia cerveja quente e gesticulava como uma galinha acreditando que poderia voar algumas gerações depois se elas acreditassem que era possível. Eram filmes tão absurdamente ruins os quais era forçado a assistir e a criticar que seu organismo rejeitava a idéia de utilizar o trabalho intelectual e físico para uma crítica que seria nada além de uma frase de desprezo à condição humana e ninguém mais aguenta pessoas se queixando da vida e esperando que algum planeta perdido esbarre com o nosso e destrua tudo e você sobreviverá e recomeçará com uma proposta melhor, gente preguiçosa sobrevive e continua reclamando que não viu nada de diferente na destruição porque está muito viciado nas substâncias provenientes da inércia e da apatia para pensar em coisas bem legais.
Talvez fosse os filmes que já não diziam mais nada que pudesse ser ouvido sem que se sentisse cansado das suas escolhas, mas no fundo sabia que não suportava mais o desfile de egos com suas referencias alternativas de autores obscuros que são catapultados ao estrelato ou por serem de países sem asfalto ou por acreditarem ser especialmente cruel citar um autor que ninguém quer conhecer em um churrasco.
Gostaria de poder sentir o mesmo prazer que sentiu quando fumou o primeiro cigarro e quando comeu uma menina na cama de seu primo e limpou os fluidos no lençol e deixou dobrado como se nunca tivera sido usado, mas o cinema era como cagar e ninguém sente muito prazer em cagar só os que se confundem com as necessidades de Maslow.

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