20101025

NARCISO INC. no fim do mundo conhecido mais ao sul de finisterre


já eram 11:12 25/10/2010 e só sei que eu estava em um quarto todo sujo de limo nas paredes e o velho que mais dois minutos morreria de causa desconhecida disse para eu abrir a gaveta do criado mudo e pegar um embrulho em papel de embrulho de linguiça de blumenau, abri a gaveta e no embrulho com gordura de linguiça de blumenau estava uma pistola automática preto fosco com aço escovado; caralho, que sensação foi pegar aquela pistola .9mm com minhas mão virgens de pegar pistola .9mm e por incrível que pareça já fui apertando um botão que liberava o pente de balas e foi muito legal pegar naquele pente cheio de balas e colocar novamente no cabo da pistola onde se coloca pente de bala e apertei outro botão que destravava a pistola porque havia um acúmulo de filmes na minha cabeça onde as pessoas falavam que tinha que se destravar a pistola antes de sair dando pipoco na marginália. sabe-se lá porque coloquei a pistola no bolso de trás da calça e fui para a janela do apartamento ver que porra de barulho era aquele no térreo, afinal eu tinha uma pistola carregada e podia ver qualquer coisa e falar como bem entendesse. no térreo estava um amontoado de gente gritando palavras de ordem comunista e três cadáveres estendidos no jardim daquilo que parecia um prédio em forma de cogumelo branco então pensei que porra de arquiteto projetou aquele prédio e que porra de engenheiro do caralho conseguiu executar um projeto tão audacioso; eu descia as escadas sem sequer pisar nos degraus, flutuava nos lances de escada de tão ágil que eu estava com aquela pistola; quando eu vi já estava atirando em todo mundo e mesmo sem saber só matava quem merecia morrer não sei como nem sei como não errava nenhum tiro, chegava a matar uma dúzia inteira com apenas três tiros, a precisão do tiro era tão grande que a bala ricocheteava até nos últimos suspiros dos caras para acertar outros, morria de tudo, velho, mulher, japonês, cachorro morto morria de novo. quando um velho de calça de veludo marrom atirou em minha direção e a bala passou bem perto de um chapéu que apareceu na minha cabeça, nem mirei, acho que não mirei nenhuma vez, e a bala descreveu uma trajetória que até agora não entendi direito e escreveu no ar filhodaputa. entrei em um ônibus que bob dylan cantava e tocava fourth time around enquanto eu fazia um rastro de balas e corpos pela avenida, desci com o ônibus ainda andando em um conjunto habitacional acinzentado que eu até achei que estava zagreb, quando de repente saíram de um buraco na parede ron perlman, bela lugosi e thom yorke cheios de metralhadoras em forma de braços e pernas e os caras eram muito grandes tipo três metros de altura por dois metros e quinze de largura e começaram a atirar em mim; fiquei muito puto porque gosto do trabalho deles guardadas as devidas considerações, me protegi no canto de uma parede e com um tiro matei os três, parece que as minhas balas não paravam nunca, dizem que morreu gente até do outro lado do mundo. eu continuava a atirar e matar aqueles caras com roupas de lutador greco-romano, de luge, de tirolesas e armaduras medievais que iam aparecendo na minha frente; até que pensei: caralho, será que essa balas não acabam nunca? nem devia ter pensado isso porque meu pensamento negativo travou a pistola, pulei no chão e numa rolada peguei a metralhadora do thom yorke que estava escrito So don't get any big ideas They're not going to happen You'll go to hell for what your dirty mind is thinking e o gatilho era um dedo verde com anel de formatura em administração, voltei pro meu cantinho para me proteger porque era tanto tiro para cima de mim que parecia um dia de sol, quando vieram ao meu encontro dois garotos com uns colans pretos de curling, um com o símbolo do flamengo e o outro com o símbolo da lazio que aparecia apenas seus rostos; apontei a metralhadora para os dois e esqueci da vida, mas os caras iam se aproximando e levando bala no peito e na cabeça e na cara e não acontecia nada; joguei a metralhadora no chão e tentei com minha pistola e nada, já estava quase colocando a mão na cabeça e abrindo as pernas quando eles chegaram e passaram por mim. - quem são vocês? - somos os filhos mais novos do diabo e nem estamos armados, que cagada essa tua, irmão. - porra, vocês saíram de lá onde estavam atirando em mim. - é que aquilo ali é um inferno. - além do mais não vou pagar pau pro diabo ele que se foda - falei que essa pistola com munição infinita ia subir pra cabeça. depois que eu entendi que foi um anjo que me deu aquela pistola, eu era o ajudante do anjo da morte, devia ter até maconha nas balas porque os caras morriam até quando eu pensava em atirar.foi na verdade posicionamento puro, eu escolhi estar do lado do bem

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