20110604

breve história das coisas da cidade


há muito tempo em um reino distante que deveras se transformaria em uma república popular democrática onde os cidadãos exerciam o direito pleno e as relações eram pontuadas pela igualdade irrestrita e pelo respeito às diversidades internas e externas, Seo migué contava para o compadre manué sobre a conversa que havia desenvolvido com seu filho anastácio; que por incontinência do destino teria problemas nos rins e seria canonizado alguns anos depois de sua inglória morte nas ruas de calçamento irregular da beira do mercado da pinga.


- meu filho o que você vai fazer da vida? porque tua mãe anda reclamando que o que recebo de pensão não está dando pra mais nada com essa carestia toda


- não sei, meu pai. mas estava pensando em ser espoliador oficial das cousas do erário


- porra meu filho isso é trabalho de gente preguiçosa, de gente vadia que espera apenas o dia anoitecer


- mas pai eu nem estou a fim dessa coisa de política... gente com muita roupa, muita briga eu quero mais é ficar perto da praia e ouvir o marulho do mar


- porque você não vira artista então, que tal um grande poeta da língua portuguesa?


- porra, pai poeta não, um bando de viado esquisito


- você sabe que ladrão oficial é uma profissão que está acabando porque a igreja quer distribuir a comida pelo estado um bando de comunistas capitalistas que só querem saber de trabalhismo mas se não for isso é o que segue meu filho


tomé que seria parido décadas após o incidente não sabia que mesmo na beira da praia o vento mudava de direção

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