20091125

nArCiSo InC. # 12


todo o mundo conhecido sabe que nunca entendi nada bem essa coisa de sentimentos humanos das pessoas do mundo... desde sempre ( e só porque voces acham que de alguma forma muito estranha acreditaram que entenderam, agora estão dando risadinhas contidas). Contudo, o que as pessoas nunca souberam ( e como medida desesperada, estou me expondo aos olhos incautos de outrem, percebem que tudo que gira em torno de nossas vidas, inclusive a própria vida, são pequenos ou enormes desesperos narcisistas procurando um lugar seguro em meio a barbárie) é que minha relação com outras formas de manifestações de vida é muito mais gutural, ou seja, tenho uma proximidade às vezes até incômoda com fantasmas, algumas formações rochosas do período devoniano, sofás de couro sintético e principalmente plástico.
Quando entro em um dos corredores de um supermercado, onde as pessoas vêem potes, jarras, espremedores de laranja, escorredores de prato e talher e toda aquela quinquilharia que insistimos em entulhar no armário da pia da cozinha e quando se abre aquela porta torta uma avalanche de polipropileno desce sobre esse corpinho meia-boca, vejo um universo de gritos e sorrisos de embalagens de sacos pretos e azuis de lixo, discussões de cunho filosófico e antopológico das vassouras de limpar vaso sanitário, piadas de humor duvidoso dos rolos de toalha de mesa com motivos pseudo-concretos e é como se estar assistindo a dinâmica de algum conjunto social de camarote com uma cerveja long neck entre os dedos. sempre, eu disse nunca, penso várias vezes ( ao mesmo tempo) em entrar no setor dos polímeros sintéticos... é como se estivesse invadindo a vida privada de alguém que sequer pode defender-se...
O grande tema entre os polímeros hoje é a reciclagem ( o que seria algo que, vida após a morte, para alguns de nós...se eu entendi a parada) principalmente entre sacolas de supermercado, sacos de lixo, garrrafas pete e cortinas de chuveiro... a discussão vai de: eu carreguei miolos de alcachofra... 100 gramas de trufas brancas... R$ 20 de mariajoana... e a grande maioria já está nos lixões com aroma de churume vivendo de um passado efêmero e fulgaz. Sequer passa pela cabeça da maioria dos polímeros sintéticos das cidades desorganizadas, que existe vida após o uso... semana passada última conversei durante algumas hora com um funil que veio de uma pequena cidade politicamente consciente... me disse que se formou de uma associação de sacolas plásticas esclarecidas e conexões hidráulicas que se rebelaram na máquina injetora... esse funil que já está sendo visto como subversivo ( segundo ele e sua neurose) por cestos de lixo com tampas independentes porque está pregando a união de todos as consciências derivadas da nafta...
mas o que todo ser polimérico sabe é que o fim do mundo está próximo, que cedo ou muito cedo serão descartados em sua utilidade primordial e o que eles sequer imaginam é que todo seu esforço por uma vida enquadrada nas regras do inmetro não os poupará de um fim devéras certo porém trágico...
há ainda os iluminados ( não, eu não estou falando dos caras que escrevem para o NARCISO INC.) são aquelas criaturas que por uma circunstância alheia a tudo que se sinta, pense ou faça... acabam sendo poupados, guardando conchinhas da praia, revistas da assinatura que ficam em cima do forro da casa ou todas aquelas coisas que minha mãe insiste em guardar desde que casou...
é triste minha condição... mas necessária; afinal como voces saberiam do universo dos plásticos... alguns dizem que é uma maldiçao, outros que é uma benção... sei que assim como aquelas porras de plástico que entopem a tua casa não tem a menor noção que são um mero joguete nas mão de seres inescrupulósos , nós temos plena certeza que em nosso mundo a coisa é muito diferente, não somos tratados como coisas que existem, números para nossos governos, nossa união enquanto seres que pensam e materializam estes pensamentos em atos nos mantém eternos e que principalmente não somos descartados quando não estamos mais enquadrados nas intenções do mercado, da moda, da cultura...
pior são os carangueijos que são cozidos vivos...

2 comentários:

  1. "...todo o mundo conhecido sabe que nunca entendi nada bem essa coisa de sentimentos humanos das pessoas do mundo... desde sempre.."
    CONCORDO

    "... nós temos plena certeza que em nosso mundo a coisa é muito diferente, não somos tratados como coisas que existem, números para nossos governos, nossa união enquanto seres que pensam e materializam estes pensamentos em atos nos mantém eternos e que principalmente não somos descartados quando não estamos mais enquadrados nas intenções do mercado, da moda, da cultura..."DISCORDO

    "...pior são os carangueijos que são cozidos vivos..." DISCORDO


    Pior somos nós,humanos que morremos a cada dia,na ânsia de tentar sobreviver.Somos descartados,seja pelo mercado de trabalho cada vez mais competitivo,pelos homens,com a proliferação de bundas desnudas por ai á fora e....Tentamos vencer o mal,o monopólio das maquinas,a invasão da internet,o fim da verdade.Tudo,com ela,está caindo por terra,assim como o p.t.Acho que é esse o fim.até a Igreja caiu!Akele pastor da universal também....hihihihih!!!A globo também vai cair???eu já cai há tempos.Nem seu quem sou.Sou alguém que corre atrás de uma boa qualificação no mercado de trabalho,comprar um carro,casar,constituir família,enfim...Enfim,alcançar o tão esperado objetivo :status!!!E depois?Esperar para ser descartado,como acontece com os plásticos!!!Estamos todos perdidos nessa globalização.As pessoas serão distinguidas pelas cores de seus crocs em seus lambuzados pés(num futuro não muito distante,quando o mundo estiver tomado pela sujeira mundial)...
    Assepia mundial????Deveria começar pelas grandes cabeças pensantes(a) ou pela união nossas pekenas cabeças também pensantes????(b)

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  2. EMPREGADO

    Não o sabes,é claro,mas eu conheço a tua vida,inteira.Assim,sem q se me ocultem as alegrias extraordinárias ou os desgostos de todos os dias.Conheço a tua vida febril;da cama para a rua,daí para o trabalho.O trabalho é sombrio,torpe,matador.Depois o almoço,rápido.E outra vez o trabalho.Depois o jantar,o corpo extenuado e a noite q te faz dormir.Ontem,amanhã,passado,sucedeu e sucedará o mesmo.A mesma vida,isto é,o que chamas vida.Agora alimentas a mãe,amanhã será a mulher,os filhos.E passarás pela terra como um cão sem dono;ao cão,matá-lo-à um veneno;a ti,também:o trabalho.
    E é pq não sabes que és explorado.Q te roubaram as alegrias,q pelo dinheiro sujo q te dão tu deste a porção de beleza que caiu sobre a tua alma...
    ....Talvez te aches fraco.Não.AQUI ESTAMOS,NÓS,NÓS QUE JA NÃO ESTAMOS SÓS,QUE SOMOS IGUAIS A TI;E COMO TU EXPLORADOS ,PORÉM REBELDES...

    PABLO NERUDA

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